quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Cachaceando

A cachaça!
Vai aí uma história sobre a origem:
Antigamente, no Brasil, para se ter melado os escravos colocavam o caldo da cana-de-açúcar em um tacho e levavam ao fogo. Não podiam parar de mexer até que uma consistência cremosa surgisse. Um dia, cansados de tanto mexer e com serviços ainda por terminar, os escravos simplesmente pararam e o melado desandou! O que fazer agora? A saída que encontraram foi guardar o melado longe das vistas do feitor. No dia seguinte, encontraram o melado azedo (fermentado), não pensaram duas vezes e misturaram o tal melado azedo com o novo e levaram os dois ao fogo. Resultado: o "azedo" do melado antigo era álcool, que aos poucos foi evaporando e formando no teto do engenho umas goteiras que pingavam constantemente. Era a cachaça já formada que pingava (por isso o nome de "Pinga"). Quando os pingos caiam nas costas dos escravos, marcadas pelas chibatadas dos feitores, esse líquido ardia muito (daí vem o nome "Aguardente"). Caindo em seus rostos e escorrendo até a boca os escravos viram que a tal goteira dava um "barato" e passaram a repetir o processo constantemente.

Não sou um bebedor que entenda muito do tema cachaça, mas sei, ao menos, identificar as qualidades de um bom aguardente. Bobagens como a oleosidade do líquido e o colar de bolhas no gargalo da garrafa...
Em casa, além de uma Salinas, que fica tapada com rolha e embaixo da pia da cozinha (!?), guardo, na geladeira uma garrafa de cachaça de banana de Camanducaia. Não era a que eu queria de verdade: procurei pela cachaça de banana "Musa", mas os caras que a produzem acham que esta bebida é igual ou melhor do que Whisky, pelo menos pelo preço que cobram pela garrafa... E em JF simplesmente não existe...
Assim sendo, fico com a de Camanducaia, que tem um baixo teor de alcool e me serve muito bem.
Mas agora estou decidido a comprar tres marcas de cachaça, só pra mantê-las em casa e fazer graça com minhas visitas:
Providência, de Buenópolis/MG
Decisão, de Sabinópolis/MG
Atitude, de Goiania/GO

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Jiló

Butecando em Belo Horizonte, mais precisamente no conhecido Mercado Central, fui tomar uma cerveja nos famosos bares de lá, em pé, como deve ser, e acompanhado pelo famoso fígado acebolado com jiló.
Como sempre, o atendimento ágil dos “garçons” do buteco me providenciou uma cerveja bem gelada e o chapeiro já começou o preparo do famoso prato.
Como ainda era cedo, por volta das 10 horas, fui acompanhando o início dos trabalhos dos funcionários. Descascam quilos e mais quilos de cebola. O fígado está temperado de véspera, num freezer ao lado da chapa. Curioso notar que este bar, o “São Judas Tadeu”, fica em frente ao “Valadarense” e pertencem à mesma pessoa. Não há competição, embora a atendente me explicasse que existem metas de venda.
Desta forma, toda hora passam vasilhas de um lado ao outro, com ingredientes das porções. Eu mesmo acabei ajudando. Coisa que só em buteco acontece.
No preparo do prato, primeiro o fígado vai à chapa, previamente “suja” e curtida pelos anos de trabalho (não se assuste, é isso que faz o prato ser o que é!).
Não me recordo se o fígado vai fatiado ou se é cortado na espátula pelo chapeiro.
Segue a cebola e por último o jiló, que é comprado no mesmo dia do preparo e finamente fatiado praticamente no momento em que vai á chapa.
Não tem igual.
Fiquei pensando no jiló de Juiz de Fora. O único lugar que lembra o de BH é o Bar do Abílio, que somente agora começo a servir o jiló junto ao fígado. Feito na panela.
Lembrando que o Abílio tem uns 40 anos de bar.
No Bar Dias, o jiló é servido à milanesa, empanado. O corte é longitudinal.
No Santa Hora, da mesma forma, o jiló é empanado, mas o corte é transversal.
Na Bodega do Tropeiro, é servido frito e na pedra.
Em outros bares da região, ele é servido cozido e recheado, normalmente, com lingüiça fina.
Aqui, até sorvete de jiló há. Deus me livre.
Resta-nos torcer para que, influenciados pelo festival de BH, que este ano desembarca em Juiz de Fora em sua primeira edição, algum dos donos de buteco de JF se inspire e passe a preparar o jiló do jeito belorizontino de ser, um dos melhores, na minha modesta opinião.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Filosofia do Coletivo 2

Mais uma vez, indo para o trabalho, atrasado, como sempre, sento-me ao fundo do ônibus, cuja entrada agora se dá pela porta da frente. Uma pena, porque os aposentados que não dispõem ainda de cartão de vale transporte, sentam-se na frente do ônibus, distantes dos ouvidos dos que passam a roleta.
Mas a conversa fluia alta, e, já próximo ao meu ponto de descida, pude ouvir o "Sr. Caveira" proseando com o motorista e o cobrador.
E o assunto era o prefeito de Juiz de Fora, o Sr. Custódio Mattos.
Conversa vai, conversa vem, falam então do asfalto da avenida independência. "Troço ruim, num dia eles passam o asfalto, no outro já tem que vir tapando os buracos. Fora o transtorno para quem tem que passar pelas avenidas. Mas, eu sei porque ele está asfaltando a cidade: Não havia como pegar o asfalto todo pra ele, não dá pra ajuntar asfalto, tem que espalhar. Dizem que ele até pensou em juntar tudo pra ele, mas daí daria uma montanha de asfalto e, no máximo, daria pra fazer uma casa no alto da montanha nova, mas não daria pra gramar o morro, pq no asfalto não nasceria nada!"
Morri!
E continuaram: "E sabe o que o Serra faria se tivesse ganho a eleição? (Cruz Credo, grita um dos participantes da conversa) __ Ele ia dar uma injeção em cada aposentado, pra matar todos!"
E daí eu desci do ônibus, imaginando uma montanha de asfalto com uma mansão do Custódio em cima, e a campanha de vacinação para erradicar os aposentados do país...
Ri sozinho pelo calçadão. Sabem das coisas estes nossos velhinhos!