O Creme do Pão Doce é um blog idiota, assim como o postante que vos escreve! Isso não quer dizer que quem o lê seja também, embora, se você gostar do adjetivo, fique a vontade para usá-lo. E, como diria alguem que não me lembro agora: "Pra isso aqui ficar ruím, vai ter que melhorar MUITO!"
quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011
Domingão de Ensaio
Chego à Praça da Estação, em pleno domingo. Faz tempo que não venho até aqui. Dia claro, forte calor. A praça está movimentada: vagabundos e seus cachorros bêbados (ou bêbados e seus cachorros vagabundos), as putas, os travecos, os crackudos, os skatistas, os crentes e gente que chega de viagem e desce por ali, carregando sua bagagem. Tem polícia também, mas eles só aparecem de vez em quando...
O sol desce, devagar, na direção da Rua Halfed, e se põe logo atrás do Morro do Imperador. No sentido oposto está o “Minhocão”, prédio que serpenteia pela curva de um morro, do lado de lá do Rio Paraibuna.
Dizem que há um projeto de transformar a praça numa “Lapa Juizforana”. Seria lindo, mas duvido de projetos de prefeitos ambiciosos demais.
Não fui ali à toa. Estou à procura do samba do melhor bloco de barnaval de Juiz de Fora e adjacências: o glorioso, inebriante, celebrado e querido Parangolé Valvulado.
Subo, portanto, as escadas da Estação Cultural, palco da escola de dança e espaço de bons shows que por lá assisti, como o do Lúdica Música.
Rufam os tambores! As guitarras, o agogo, o chacoalho e tudo mais que pode se unir nesta celebração musical que é o bloco em questão.
Componentes alinhados, xerox do novo samba distribuído, cerveja no copo. Solta o som e começa o terceiro ensaio do bloco!
O samba, sempre irreverente, nos remete à tradicional feira livre de Juiz de Fora. É engraçado, espirituoso e fácil de cantar, como deve ser um bom samba. A Michelle atenta para a métrica da composição, e eu não entendo nada disso e só quero cantar o refrão.
O samba come solto. Vou pra janela tomar um ar e encher o copo de novo.
Na praça, um bêbado deita no chão e brinca com seu cachorro.
Um bar, logo à frente, tá lotado de gente, tanto dentro quanto fora.
Descemos pra refrescar. O calor tava absurdo, sambando, mais ainda.
Vamos conferir a audiência do bar. Todo mundo de pulseira do bloco: acontece que, ali, a garrafa de cerveja custava o mesmo preço da lata lá na Estação Cultural. Justificada a presença de tantos. Somos todos "economistas", neste momento.
O ensaio chega ao seu intervalo e o restante desce pro bar. A conversa flui descontraída.
Aparece na janela da Estação o glorioso intérprete, empunhando um megafone e convocando o retorno de todos para a continuidade do ensaio. Ninguém arreda pé do buteco. Ele desce então, e continua o chamado, com veemência e na orelha de todos. “sensibilizados”, subimos novamente as escadas, e agora, devidamente etilizados. O samba e o suor rolam soltos (rolam alguns limões também!), como deve ser, e nos remete ao encontro anual, no sábado da semana que antecede o carnaval, no Largo do Riachuelo, com nosso amigos músicos, jornalistas, professores, publicitários, artistas, estudantes e os mesmos bêbados, cachorros, putas, travecos, crackudos e skatistas. Todas as tribos, se divertindo como nunca, num dia que ficará, mais uma vez, marcado na memória.
Que venha o VARNAVAL!
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