terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Muito pra mim é tão pouco...

Sempre digo, para os incrédulos em minha afirmação de que sou torcedor exclusivamente carijó: “Nós somos os verdadeiros abnegados do mundo da bola”. Vamos ao estádio, sempre, com uma ponta de descrença espetando nosso coração repleto de amor pelo alvi-negro juizforano.
Não esperamos por títulos suntuosos, troféus brilhantes, campanhas avassaladoras, goleadas históricas, gols inimagináveis. Esperamos ver nosso time jogar, de forma correta, com aplicação, dedicação, coerência e com poder de agir e reagir quando necessário. Lutar, de forma digna e sem abaixar a cabeça, por maior que seja o adversário (e nenhum deles será maior do que nosso Galo Carijó). Isso é tão simples, tão “pouco”, tão normal, que já nos basta. Os resultados serão fruto deste “pouco” que esperamos. E quando os resultados acontecem, nos tornamos os torcedores mais orgulhosos, do melhor time de todos os tempos, não só de Minas Gerais, mas do Brasil, do Mundo.
Não há como descrever para vocês, boleiros, o que é a sensação que antecede o jogo.
Nós, da Tribo Carijó, nos falamos diariamente. Procuramos informações nos jornais, blogs, sites, assessorias, rádio e TV. Sabemos muito bem como é difícil garimpar informações do nosso time. Muitas vezes recorremos até aos diários do time adversário, para saber o que nos espera e também a forma como enxergam nosso time.
Passamos a semana apreensivos, avaliamos, damos nota, montamos nosso esquema tático, substituímos e escalamos nosso time. Secamos o adversário, com um ódio comedido, que some depois do jogo, mas com uma fúria que desejaria que estes adversários nem sequer pisassem em nosso querido gramado.
Isso vai crescendo, e muito antes da partida já falamos sobre o jogo, como se ele tivesse começado. Na véspera já sabemos quando e onde nos encontraremos para ir ao estádio, juntos, crescendo ainda mais a ansiedade pelo jogo.
Pelas ruas de nossa cidade surgem vários torcedores da Tribo, vestidos com suas inconfundíveis fardas pretas. Vêem de vários bairros e regiões, inclusive, de outras cidades. (Saiba você, boleiro, que somos muitos e estamos espalhados pelo Brasil afora).
Nos encontramos no ponto de ônibus destinado ao embarque da torcida, e lá estão todos, de olhos vidrados e o peito cheio de ar grita as músicas e o hino do Galo Carijó, já no embarque para o estádio.
A partir daí somos todos uma só voz, um só destino e uma só vontade. Tudo pelo Tupi.
Chegamos ao estacionamento e lá encontramos com mais torcedores da Tribo. O grito cresce, a força aumenta. Uns entram antes e já estendem nossa faixa, marcando nosso território conquistado nas arquibancadas. De lá não sairemos nem no mais quente sol e nem diante da maior tormenta.
Há um misto de admiração e temor nos olhos dos demais torcedores: Quem são estes malucos, por que estão neste clima, alucinados, em plena tarde de domingo?
Mas mesmo os mais incrédulos se contagiam, eles cantarão e vibrarão conosco durante os 90 minutos. E lá na Tribo não nos importaremos com o resultado final, se ganhamos, empatamos ou perdemos. E aquele “pouco” que nos move, sobre o qual me referi no início do texto se torna muito, porque naquele momento nossos jogadores não são simples atletas. São gladiadores na arena da bola, lutando contra tudo e contra todos, guerreando atrás da vitória impossível, derrubando leões, raposas, zebus e cravando a espora do Galo Carijó matador no coração do adversário que ousou entrar em nossos domínios.
Não queremos mais aquele “pouco”. Nós somos maiores e agora temos muito mais o que esperar de nossos jogadores:
Como disse o compositor, acertadamente:

“E muito pra mim é tão pouco
E pouco é um pouco demais
Viver tá me deixando louco
Não sei mais do que sou capaz
Gritando pra não ficar rouco
Em guerra lutando por paz
Muito pra mim é tão pouco
E pouco eu não quero mais
Pouco eu não quero mais.
Pouco eu não quero mais”

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