quarta-feira, 22 de junho de 2011

Cachaça Araci



Li, recentemente, uma entrevista de um dito entendedor de cachaças, chamado Marcelo Câmara, que saiu em defesa das cachaças brancas, notadamente as de sua região, em Paraty/RJ (ele é de Angra dos Reis). O cara detona as cachaças mineiras. Pra que vocês saibam o que ele pensa, vai aqui uma pequena frase da entrevista:
"Minas não fabrica cachaça, mas cachaça envelhecida, ou melhor, geralmente envelhece mal pingas ruins. Mas há algumas, poucas, cachaças e cachaças envelhecidas mineiras, de qualidade superior. "
Bem, o que posso desejar para este cidadão é que seu fígado seja tomado por uma cirrose irreversível, ou que escorregue numa pedra em Paraty, bata a cabeça e caia no mar desacordado. À noite, de preferência.
De qualquer forma, e motivado por ter um grande amigo e VERDADEIRO entendedor de cachaças e que opta sempre pela branquinha (Enio Amaral), em minhas últimas visitas no Bar do Abílio pedi por cachaça branca e me foi oferecida a Araci.
Produzida em São João Nepomuceno há mais de 80 anos, possui uma linha de cachaça fresca, da destilação do ano e ainda cachaças envelhecidas, as amarelas. Já havia visto o rótulo desta cachaça em alguns bares, mas sempre titubiei em experimentar.
Acontece que a cachaça é muito boa! Suave no paladar, desce redondo e não queima. Acompanha muito bem os tira gostos e dá vontade de tomar mais doses.
E, nessas andanças pelos butecos, na companhia do meu irmão José Antonio, passamos pelo Futrica e nos deparamos com a Araci Safra 98: a mesma cachaça, envelhecida. Um néctar, pra dizer a verdade. Se a branca já é ótima, imaginem esta cachaça repousada em tonéis de madeira?
Pois é, esse tal de Marcelo Câmara não sabe de nada mesmo.
Para quem interessar, o Futrica vende a dose por R$4,00 e a garrafa por R$40,00

Um comentário:

  1. Boa tarde, Amigo.

    Acho que o Sr. Marcelo não se expressou adequadamente ou foi mal interpretado; não se preocupou com os amiúdes necessários.

    Um químico sabedor da estrutura de uma boa cachaça, pode fazer a mesma afirmação e dizer que a técnica do "envelhecimento" é utilizada, infelizmente, pela maioria dos produtores de cachaça para tentar concertar ou tornar tragável o que originalmente seria terrível.

    Se uma cachaça passar mais de 12 meses num barril de até 700 litros, a cachaça deixa de ser cachaça e se transforma em cachaça-envelhecida, pois fica com sua estrutura química completamente modificada de quando somente cachaça. Como é muito difícil encontrar em MG cachaças novas, que não tenham sofrido a interferência do envelhecimento ou descanso em madeiras, se diz que MG não produz cachaça, e sim cachaça-envelhecida.
    Os bons produtores, os que se garantem, comercializam a cachaça das duas formas, como é o caso de todos os produtores da região de Paraty e alambiques gaúchos. Infelizmente a maioria dos produtores mineiros não conseguem engarrafar suas cachaças ainda originais, novas, sem interferência de madeira. Qual seria o medo ?
    A observação é feita numa visão mais ampla sobre a cachaça e cachaça-envelhecida, não somente pelos seus sabores. Para alguns um bom destilado tem que ter cheiro e gosto de madeira, e as vezes somente isso. Para outros além do gosto da madeira em que foi envelhecida ou descansada é preciso que se verifique no destilado o cheiro e gosto da sua matéria prima, no caso da cachaça a cana-de-açúcar. Como a maioria das cachaças envelhecidas de MG (mais de 90% são envelhecidas), não se reconhece o gosto da cana-de-açúcar, alguns apaixonados pela bebida, exageram em afirmar que MG não faz cachaça.

    Esse assunto pode ser um bom papo para uma mesa e algumas doses da nossa cachaça ou cachaça-envelhecida.

    Forte abraço.

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