segunda-feira, 18 de abril de 2011

Bar do Bigode e Xororó


Sexta feira, dia da Nossa Senhora da Cerveja Pilsen. Ansioso, esperei o badalar das 18 horas pra fugir do escritório e dirigir-me a mais um dos butecos participante do maior evento gastronômico da via Láctea e adjacências: o Comida di Buteco, das terras de Santo Antonio do Paraibuna.
Vamos, desta vez, pra bem perto do lugar da labuta diária. Ando poucos metros, atravesso a maior avenida em linha reta da América Latina (dizem por aí) e já estou na Rua Chanceler Oswaldo Aranha, político e diplomata brasileiro. Mas não é por causa deste riograndense que vou até àquela estreita rua. Procuro pelo “Bar do Bigode e Xororó”, famoso por produzir o melhor torresmo do Brasil. Diplomatas deveriam levar uma travessa deste torresmo para iniciar as conversas e negociações. De certo que tudo ficaria mais fácil de ser resolvido, ainda mais se regado por uma boa dose de cachaça.
Bem, vamos largar esta conversa fiada e partir para o que interessa: o Trio Mineiro, prato que concorre ao prêmio do festival. Um adendo, dizem que este bar tem boas chances de ganhar, devido ao grande número de freqüentadores. Mas o título independe da quantidade de votos, e sim das notas atribuídas a cada quesito. Desta forma, quem receber míseros duzentos votos com notas 10, por exemplo, pode ganhar de um buteco com 10.000 votos, mas que teve uma média de notas nove. Curti essa forma de eleger o bar vencedor.
Retornemos ao assunto principal, o Trio Mineiro. Logo se imagina torresmo, mandioca e lingüiça. Na verdade, o prato leva o torresmo, só que “de ponta”, junto à mandioca, que neste caso está cozida e no lugar da lingüiça, lá estão eles, novamente (lembram do Jiló à Mineira?): palitos de polenta frita. Finos, crocantes por fora e macios por dentro, conforme o padrão definido pela ABNT (Você bebeu, fio?) . Curioso é que, normalmente, comemos angu mole em nossas casas. Sempre achei que “polenta” era coisa de paulista. Corrijam se eu estiver errado, por favor.
Em tempo, se você viu o prato no Zine Cultural, ou em qualquer outra foto em que se apresente montado sobre uma vasilha de cerâmica branca e quadrada, esqueça isso e olhe pra foto que ilustra o post. Ele vem na pedra, o que é bom, pois ajuda a manter a temperatura por mais tempo. O sabor: o torresmo é realmente digno do título de melhor do Brasil, não há como questionar. Um pedaço carnudo, bem temperado e com uma fina e crocante pele, que estala enquanto a gente mastiga. A mandioca: sou fã “demais da conta” de mandioca cozida. Prefiro-a assim a frita, o que muitas vezes a endurece e que teima em não aceitar o sal do saleiro. Cozida, na medida certa, sem desmanchar demais e coberta com queijo derretido. Maravilha. Os palitos de polenta estão dignos e diferem do prato do dia anterior por serem mais longos e finos. Bom demais pra molhar no molho tártaro da Hellmans servido junto com o prato. Só acho que eles deveriam ter produzido um molho “da casa”, ao invés de aproveitar o sabor pronto, do fabricante. Seria um diferencial a ser degustado. Tudo isso, acompanhado por cerveja gelada. Lá não tinha Bohemia, então, fui de Skol mesmo. Gelada e sempre “recarregada” com brevidade pelos atentos garçons da casa.
Papo cheio peço a conta e ganho a cédula de votação. Ah, o prato custa 21 pratas, e a cerveja do Bigode custa o preço padrão do “Alto dos Passos”.
Saí satisfeito com o prato, que foi agraciado por uma boa nota. O mesmo para o atendimento. A melhor nota foi pra temperatura da bebida, sempre trincando de gelada. A higiene peca somente por um problema tradicional. Banheiros que se tornam sujos no decorrer da noite e que são usados por ambos os sexos, sem uma divisão que se respeite. Tanto que são três os banheiros da casa, lado a lado. A “toalha” de mesa do Comida di Buteco estava suja e rasgada, e deveria ter sido trocada antes de usarmos o lugar. Não custa nada atentar para estes detalhes.
No mais, o petisco concorre seriamente ao título, sem sombra de dúvidas. Sorte dos freqüentadores da casa, pela competência dos proprietários.
Recomendo e torço para que o prato se integre ao cardápio, de forma definitiva.

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